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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Arte em Mim - Por Raul Franco


Sempre brinquei, dizendo que se eu fosse só ator já teria desistido há muito tempo. Não desmerecendo o trabalho do ator, pelo contrário. Mas entendendo a trajetória árdua e as dificuldades da carreira. 

O prazer de ser ator é algo que não consigo explicar em palavras. E tenho muito carinho por esse trabalho. Tanto que me dedico a ele há mais de duas décadas. É claro que depois que vim morar no RJ - e lá se vão 17 anos - a dedicação passou a ser total. Eu, paraense nato, que já fazia teatro em Belém desde 1984, quando encenei o Saci Pererê no meu colégio, vim para a Cidade Maravilhosa buscar espaço onde eu pudesse mostrar a minha arte.

Logo que cheguei por aqui, o objetivo era poder estudar, aprender técnicas, me aprimorar. Não queria que meu trabalho de ator fosse apenas intuitivo. Uma carreira não pode se enfiar apenas nisso. E eu queria poder ver todas as peças que estavam em cartaz. Para ver o que estavam fazendo, aprender com o olhar. Minha sede de espectador era enorme. E tive a sorte de em 4 dias de Cidade Maravilhosa estar ensaiando um infantil com uma galera jovem. 

Pois bem, isso é o começo, ou melhor, quase o começo de tudo. Então, retomo o frase que falei no início do texto: "se eu fosse só ator já teria desistido há muito tempo". Aí entra minhas outras funções. Porque sempre pensei na arte como forma de me expressar, dizer o que eu estava sentindo. Minha ligação com meu ofício vem de uma necessidade absurda de comunicação. Aí entra o autor. Porque sempre escrevi meus textos. O primeiro poema veio com 11 anos. Depois veio a adaptação de textos lidos em sala de aula para o teatro. E não parei mais. 

Agora um parêntesis importantíssimo. Quero contar algo que fiz. Eu já roubei. Sim, roubei. Mas não me condenem. Eu era criança. Sei que foi um ato inocente. E preciso desabafar aqui. Uma vez fui a uma livraria com a minha mãe. Não sei se o ano era 1984 ou 1985. Eu devia ter 10/11 anos. caminhando com ela, passei por uma sessão de livros infantis. E tinha um livro que era uma fábula. E uma coisa que achei curiosa é que vinha junto desse livro uma versão em formato de livrinho com a mesma história. Eu tirei do plástico. E não resisti. Aquilo me convidava para um roubo. Era tentador. Sei que, de repente, eu poderia pedir para minha mãe comprar, mas aquilo tinha cara de brinde. Coloquei no bolso e saímos da livraria. 

Eu li o livro. E melhor ainda, gostei tanto da história que resolvi fazer uma peça. Não lembro bem o nome do livro. Mas contava a história de um rei que não tinha orelha. Eu reuni os meus amigos do colégio. Começamos a ensaiar. E um dia, quando a peça estava pronta, eu pedi para a professora para apresentar no finalzinho da aula. Coisa que depois passei a fazer com frequência. Meia hora final da aula era reservada para as minhas peças. E assim comecei a criar. 

Ufa, depois desse desabafo, que eu espero que vocês tenham me perdoado, prossigo na minha história.

O trabalho do autor sempre foi forte na minha vida. Comecei brincando de adaptar para o teatro os textos que eu achava legal. Na faculdade foi a mesma coisa (eu me formei em Ciências Sociais). E escrever pra mim é quase como uma função vital: respirar. Nunca me vi sem escrever. E isso complementa bastante o meu trabalho de ator.

Algumas vezes que foi difícl viver como ator, o autor me ajudava a sobreviver. No meu segundo ano de RJ consegui montar o meu primeiro texto para os cariocas verem. Tratava-se do Casal Consumo - que sempre digo que foi o texto que me ensinou a escrever para teatro, porque ele tem várias versões e sempre eu estava modificando alguma coisa. Era escrever e experimentar em cena. Comecei a fazer a peça em 1998 e só fui parar de fazer em 2005. Em 2013 ela ganhou nova versão em SP, com o nome de Amor, Brigas e Novela das 8.

E além do trabalho de autor, ajudando no trabalho do ator, tem o meu trabalho de diretor. E essa trinca pra mim sempre foi fundamental, me ajudando a ver a arte de uma maneira global. Em Belém eu já dirigia minhas coisas desde o tempo do colégio. Na Faculdade de Ciências Sociais prossegui. E no Rio, no meu segundo ano, eu já estava dirigindo o Casal Consumo. E sempre procurei conciliar essas 3 funções. E com o trabalho de diretor, eu aprendo muito em relação a atuação. Ou seja, é uma forma de eu olhar para o ofício do ator, estando em outro plano.

E para arrematar isso tudo, vem o que eu aprendi de produção. Afinal, para montar minhas próprias coisas, tive que meter a mão na massa e aprender a produzir na marra. Muitas vezes foi necessário produzir para continuar trabalhando. Porque nunca fui o tipo de ator que espera um telefonema de alguém, oferecendo trabalho. Sempre pensava naquilo que eu queria fazer e corria atrás. E assim segui na carreira.

Muita coisa, né? Isso porque estou falando de modo resumido. Mas vocês viram que acabei circulando em muitas funções para dar prosseguimento ao meu trabalho no campo da arte. Como ator, produtor, diretor e autor. É claro que em vários momentos, fiquei mais em uma função. Uma época eu dirigia mais, em outra, atuava mais. Escrevendo e produzindo sempre. Quando eu estava mais dirigindo, alguém me ligava para chamar para um trabalho de ator e dizia: "Vem cá, Raul, você ainda atua ou só dirige agora?" E eu sempre achava a pergunta boba, porque pra mim era impossível pensar em não atuar. Faz parte da minha vida. Não é uma aventura. 

Agora pra complicar um pouco ou até dar mais elementos para a discussão da minha arte, a partir de 2005 eu enveredei para o trabalho da comédia e potencializei o comediante que havia dentro de mim. Comecei a fazer shows de humor, que é completamente diferente de uma peça de teatro. Montei minha própria companhia, Os Fanfarrões, e não parei mais. E até como comediante, não tenho uma linha única de trabalho. Faço stand up comedy, personagens e pantomimas. E o humor físico se tornou uma marca do meu trabalho. E tudo isso vira a loucura que eu sou. Porque penso em piadas o tempo todo. Penso em músicas engraçadas. Penso em gestos que posso fazer em determinadas cenas. E isso me instiga e alimenta. 

Gosto muito do que eu faço. E não consigo me ver, fazendo apenas uma coisa. Gosto dessa pluralidade da arte. Porque tem a ver com a minha personalidade também. Às vezes, eu mesmo me pergunto se sou mais ator ou comediante. Porque outra coisa que é peculiar no meu trabalho é que faço comédia e também faço drama. E acredito que circulo bem entre esses dois gêneros. O que é raro. E sempre procurei também fazer as duas coisas. para não perder a veia de cada um dos gêneros. 

Em 2014 vão estrear alguns novos textos meus. Dirigidos por outras pessoas. Eu devo dirigir uma nova peça. Devo, em breve, circular com o meu show Risotril. E quero matar a saudade de estar no teatro, fazendo uma peça como ator. E sei que vou conseguir. Minha alma tem sede.

Mas é isso! Como diria Renato Russo, busque informação sempre. Se você é artista, procure saber sobre tudo. Leia bastante. Porque livros devem nos instigar e nos ensinar outros mundos. Cultura nunca é demais. E, obviamente, tenha um pouco de sorte. Abraços!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

No Horário Nobre

Hoje tem minha participação na novela Em Família. Prestigiem!


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

De volta!!!

Espanando a poeira e o mofo do blog.

E afinal, alguém ainda lê blog com textos? Ou uma imagem fala mais ainda?

Quando criei o primeiro blog, a ideia era postar os meus textos, como forma de guardá-los em um lugar seguro. Depois, acabei perdendo o primeiro blog porque fiquei sem postar um tempo e era um blog que passou a ser só para assinantes depois, não sei, não lembro. rsrs

Este me deu muitas alegrias. E achei que seria legal retomá-lo só para ele não ficar tão abandonado.

E hoje estou fazendo esta retomada.

E posto algo que, para bons entendedores, será claríssimo.

*.*



Pra mim a base do ator é e sempre será o teatro. Ele te dá grandiosas ferramentas para exercício do ofício.

Por isso acho bem estranho quando um jovem ator de TV vai dar entrevista e diz que não gosta de teatro, que ele não o apetece.

Então, o essencial do ator ele não curte. 

Isso pra mim não tem sentido!

Acho que sou bem purista! E defendo o que acho que é fundamental para o nosso trabalho.

*.*

Volto em breve, galera!!!