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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Notas sobre um processo criativo!!!


CRIAR 

o ato da criação envolve sofrimento. mas você tem que partir pra cima e ter o domínio das coisas.

é cansativo. desgasta. mas é como se morrêssemos por algo maior. morrêssemos em prol da arte...


O CURTA


Uma breve história sobre algo que estou fazendo

Muito feliz de ver como as coisas vão acontecendo. Um dia, em um bar, eu disse para a Adressa Koetz: "A gente vai filmar alguma coisa junto". E batemos com as mãos. 

Raul Franco e Adressa Koetz
E quando eu faço um pacto com alguém, eu cumpro.

Uma vez também, fiz um trabalho com o Aldo Perrotta e pensei: "Gostei desse cara. Quero fazer outra coisa com ele". Um cara talentosíssimo, boa pessoa e divertidíssimo!

E o Alair Ferreira foi um cara que conheci em um trabalho que eu fazia. Depois montamos um quadro do Menudo que era engraçadão. rsrs Coisa de loucos.

E tem a minha namorada também: Bárbara Campos, de quem sou fã. Ela vive de fotos, fotos, fotos. rsrs Pensei: ela tem que explorar isso de outra forma. Pensar em fotografia de cinema, sei lá. E quando você namora muito tempo alguém, você tem que ter outros projetos com a pessoa para não cair na rotina. rsrs E a gente sempre inventa alguma coisa. Ela me alimenta de todas as formas. E aguenta o meu mau humor nas horas em que estou tenso. 


Raul Franco e Bárbara Campos
O que sei é que nesses seis dias de filmagens loucas a gente vai pensando em tantas coisas. Vai transformando o olhar, vai aprendendo, principalmente da forma que foi. Eu com o meu diário, pensando em coisas. Dormindo tarde, pensando no filme. Reescrevendo cenas, pensando em novas. Sem parar em nenhum momento.

E as coisas são difíceis. O bom é quando temos amigos que vão estar junto contigo no sonho. E vão acreditar no que você propõe. E no meio do caminho sempre tem algo que vai dar errado. E o bom é quando as coisas se acertam por si só. Como, por exemplo, a entrada do Alair no filme. Um outro amigo meu ia fazer. Mas não pode no dia que marcamos a filmagem. Estávamos sem ator. E, de repente, no dia de uma outra filmagem, encontro o Alair e falo do filme. Ele se empolga e diz: "Gostei desse personagem". Pronto, não deu outra. Foi ele quem fez.


Aldo Perrota
Com o Aldo foi a mesma coisa. Eu tinha falado com um amigo e ele também não pode. Logo pensei no Aldo. E eu sabia que as cenas que ele faria, uma delas o começo do filme, seria a última coisa que iríamos fazer. Eu queria assim. Queria trabalhar a construção do personagem Ana, da Adressa. E ela se jogou de cabeça. Com certeza, foi algo que foi se construindo muito mais por esforço dela. E eu fiquei feliz, muito feliz de ter escolhido a pessoa certa. 

Tem também a cantora Yanna que a Adressa falou que podia fazer ou propor alguma coisa musical para o filme. Mandei o roteiro e algumas montagens brutas do filme para ela ter uma ideia. Ela não me retornou. Pensei: "Não gostou". Aí em um outro dia, almoçando com Adressa e Bárbara, falo com Yanna e ela diz que só depois viu que meu e-mail estava no spam. Coisas internéticas! rsrs Mas no papo senti uma energia muito boa e vi que algo podia fluir.

O filme tem outras duas músicas que eu não podia abrir mão. O filme nasceu das imagens que elas me passavam. // Não conseguimos nos encontrar com Yanna. Mas a Adressa me deu um CD dela. E eu fui ouvir, já pensando na pessoa astral com quem falei ao telefone, torcendo para gostar das músicas. E adorei o CD. Uma das músicas acabou meio que virando o tema do filme. Conselho: ouçam essa cantora. 




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Virei a noite trabalhando. Estou esgotado. E ao mesmo tempo embasbacado com a cena que fizemos ontem. De uma delicadeza e de um humor sem igual. E conseguimos o resultado. Quase que ela fica fora da montagem do filme que fiz ontem Afinal, o filme já estava enorme e ainda faltando cenas que não filmei. Mas como sou teimoso, lá pelas 5h resolvi montar tudo de novo. Eu queria ver se eu conseguia comunicar o que eu pensei quando escrevi o roteiro. Fiz o trabalho. E tombei no sofá. Ainda não vi como ficou. Espero gostar quando eu for ver! rsrs

Com certeza, isso pode não ser a melhor coisa que farei. Mas por hoje foi o melhor que eu tinha a fazer. (E já quero novos dias de filmagem. Quero almoçar, falando de cinema. Quero ver filmes com a galera).

E digo: façam o que vocês pensam. Tenham amigos e sonhem junto. Vão em frente! Alguma coisa boa pode acontecer.

Essa é a minha vida. Esse é o meu filme. rsrsrs

Em breve!


Bárbara Campos, Raul Franco, Adressa Koetz e Alair Ferreira

Depois de um mês eu ressurjo...

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Quando eu viajo, fazendo shows, sem parar, sempre me surgem uns insights no meio do caminho...

Esse me veio dentro de um avião de São Paulo para o Rio de janeiro.

E acho que é algo muito claro que me veio de primeira. Durante um tempo fiquei com esse escrito rodando pela minha casa. Só agora passei para o computador. Espero que curtam.
QUEM DISSE QUE SERIA FÁCIL?
(escrito dentro de um avião)

Às vezes, eu olho pra trás e vejo escritos do meu diário inexistente.
Às vezes, eu me olho no espelho e penso: "Nossa, você envelheceu, hein?"
Às vezes, penso se ainda há tempo de prosseguir no sonho. 
Penso nas coisas que eu queria fazer antes dos 40. Penso nos 30 que já se foram. Penso no meu filho repetindo o que eu já fiz.
Tento, como tento buscar o sabor da primeira vez. Se não tiver o sabor exato, pelo menos algo que se aproxime.
Quando ficamos velhos, acho que os medos aumentam. De uns tempos pra cá, percebi alguns medos em mim. Nunca tive medo de morrer. Hoje tenho.
Sinto tanto temor pela aproximação da minha morte. Mas controlo o temor para que ele não atrofie os músculos da audácia.
Às vezes, eu me olho no espelho e digo: " Você se empenhou muito nisso. É só questão de tempo!"
Às vezes, não penso em nada. Tento relaxar do medo de não darem certo os planos.
Às vezes, me comovo com uma criança que corre e tropeça e cai no chão e chora e a mãe corre também para socorrê-la. 
Se eu cair agora, quem vai me socorrer?
Então, eu sonho!
Afinal, quem disse que seria fácil?

*Raul Franco 2/09/2012