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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sobre o filme Somos Tão Jovens


Fui ao cinema muito ansioso para ver o filme que conta a história do começo de Renato Russo. E é muito complicado quando vejo o filme sobre algum ídolo meu, porque conheço tanto da história que temo não me surpreender ou emocionar. Assim foi com o Cazuza, por exemplo, que eu confesso que me decepcionou por alguns aspectos. Tanto que esqueci. Mas vamos ao filme de hoje. 

Chegou ao fim a minha árdua espera pela estreia de Somos Tão Jovens. Fui ao cinema e comprei o ingresso para a penúltima sessão. Parecia que eu estava indo a um show da Legião Urbana. 

Sentei na poltrona e esperei com muita vontade de saber como contariam a história. De cara, digo que fiquei bem tenso, já que o filme tem a direção de Antônio Carlos da Fontoura - o mesmo diretor que dirigiu um dos piores filmes nacionais de todos os tempos: Gatão de Meia Idade. Mas superei esse preconceito e continuei com os olhos atentos.

Eu sabia que tudo para mim seria motivo de análise. Por exemplo, não curti tanto a abertura, porque de cara apresentou-se uma das grandes canções da Legião: Tempo Perdido e apareceram várias fotos de Renato Russo, da infância até mais ou menos a fase que o filme retrata. Eu já achei que isso seria um tiro no pé. Eu, particularmente, não gosto muito de filmes que logo abrem com os créditos e, nesse caso, exaltando o ídolo do qual vão contar a história. E mais ainda: logo ouvimos a voz do Thiago Mendonça (que faz o ídolo em questão), cantando os versos de Tempo Perdido. Para mim, isso devia ser uma surpresa guardada para o desenrolar do filme. Mas, ok, foi a opção do diretor.

De modo geral, posso falar o seguinte: gostei do modo como a história foi contada. Acho interessante essa coisa de retratar o Renato antes do mito, antes do sucesso estrondoso. O filme fala desse Renato jovem, com aflições, angústias, sonhos, vivendo em uma Brasília da época da ditadura. Até o próprio lance da doença que ele teve nos ossos, epifisiólise, é tratada de forma simples, como um obstáculo na vida de Renato. Um obstáculo a ser superado. Nada muito enfatizado a ponto de comover com algo que foi só um pedaço da trajetória. Isso foi um ponto positivo.

E achei legal alguns detalhes que pensei que não seriam retratados de forma interessante, como o show de Patos de Minas, quando Renato apresenta a Legião Urbana pela primeira vez. E na cena temos também a participação de Phillippe Seabra - da Plebe Rude, fazendo o prefeito da cidade (ele que esteve neste show histórico).  E a confusão em uma das festas juvenis denominadas Rockonha - festa regada a rock com maconha - também teve o seu destaque. 

Thiago Mendonça está muito bem no filme. Ele pegou os trejeitos de forma bem interessante. E em muitas vezes, fisicamente, a lembrança do Renato vem muito forte, porque a semelhança é assustadora. A atriz que faz a amiga mais próxima de Renato,  Ana Cláudia (fictícia, porque juntaram umas três namoradinhas de Renato neste personagem), é um dos pontos altíssimos do filme. A atriz tem nuances e conflitos que enriquecem a sua relação com Renato. E a cena em que ela aparece de supetão no meio de um show, depois de ter brigado e se afastado de Renato e ele apresenta a canção Ainda é cedo como feita para ela é incrível e emocional. O olhar de Laila passa toda a emoção. Com certeza, um dos momentos mais líricos do filme. 

Agora é preciso falar dos pontos negativos. Uma coisa que estou me perguntando até agora é o seguinte: quem fez a preparação dos atores? Há um desnível sem igual. E olha que avançamos muito nisso nos últimos tempos. Vemos filmes nacionais hoje em dia e não há tanto desnível entre atores principais e secundários como no filme Somos Tão Jovens. Soube que muitos que participaram do filme não são atores. Como eram músicos, resolveram incluí-los, mas é complicado. Por exemplo, o ator que faz o Ico Ouro Preto, que só dá uma fala e que em um dos trailers do filme tem a cena, é de doer. Como Nicolau - filho de Dado Villa Lobos - que faz o pai no filme. Ainda bem que ele não tem muitas falas, porque comprometeria ainda mais. O ator que faz o Marcelo Bonfá, Conrado Godoy, também não tem grande atuação. Nas poucas falas, vemos o quanto ele não tem experiência. Assim como o ator que faz o Dinho, do Capital. O ator que faz o Fê Lemos, Bruno Torres, até tem uma atuação um pouco melhor. Mas acho que como falaram da briga que o Fê Lemos teve com o Renato, quase sempre a atuação de Bruno é dura, sem nuance ou conflito. Vi até um vídeo onde ele diz que o diretor o deixou à vontade para criar. Então, ele fez o que achou. Acredito que faltou uma melhor preparação do elenco para homogeneizar nas atuações. Há coisas gritantes. O ator que faz o Herbert Vianna, Edu Moraes, é risível, porque ele caricaturou demais a figura de Herbert, tentando imitar até a voz (o que, ao meu ver, é sem necessidade). Como o filme tem esse desnível de atuações, nessa hora eu ri muito. 

Mas ainda bem que temos no filme atores como Marcos Breda (que interpreta muito bem o pai de Renato), Sandra Corvelone (que faz a mãe de Renato e que ganhou o prêmio de melhor atriz no festival de Cannes de 2008, por Linha de Passe). A irmã de Renato é interpretada pela atriz Bianca Comparato que, apesar de uma aparição tímida no filme, tem boa atuação e que leva às gargalhadas no momento em que Renato fala da sua ida ao Rio de janeiro para se apresentar no Circo Voador. 

Mas, no geral, curti muito o filme. A trilha é impecável. Tem, obviamente, canções do Sex Pistols e os atores tocando mesmo as canções, o que garante peso e credibilidade a um filme que retrata um ídolo da música. 

Vão assistir e depois conversamos mais!

Somos Tão Jovens!!!

Força Sempre!

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