O Poeta da Cena: Osmar Prado - Por Raul Franco
Sábado, tive o prazer, a honra, o privilégio, de participar
da gravação de Amor Eterno amor para fazer uma cena com o Osmar Prado – o Virgílio
da trama.
A cena era bem rápida, mas cheguei ao set com o nervosismo
de quem estaria diante de um dos ícones da TV brasileira e, antes de mais nada,
um cara que admiro muito. O que torna a coisa mais séria e que acaba por exigir
de mim uma exigência militar ímpar!
Dentro do ônibus, servindo de camarim, eu vesti o figurino e
fiquei na espera. Afinal, TV é a arte da espera mesmo. Um pouquinho depois,
chega Osmar Prado, cantarolando alguma coisa. Passa por mim e abre um sorriso,
sem deixar de cantarolar a sua canção.
De cara, já deu para admirá-lo ainda mais, ao vê-lo chegar
com essa animação e bom astral.
Na hora da minha cena, fui chamado ao local, onde
aconteceria a gravação: uma espécie de bar de beira de estrada – o que seria
Rio Fundo, em Minas Gerais. Isso em plena Pedra de Guaratiba-RJ – um dos
truques da nossa indústria da novela.
Lá, o diretor Pedro Vasconcelos (um amigo querido) deu as
coordenadas da cena. Marcou a dinâmica e instruiu o tempo dos diálogos. E
rapidamente dei a primeira passada com o Osmar Prado. A cena fluiu bem. Logo,
Pedro disse: “Vamos gravar”. Gravamos a primeira. Revisou-se na cabine pra ver como
ficou. E já partimos para um segundo take. E a cena fluiu novamente. Pedro diz:
“Ok, está ótimo”. Revisou-se uma segunda vez e Pedro anunciou: “Ficou show,
agora vamos para a outra cena”.
Eu fiquei pelo set para acompanhar o desenrolar das outras
cenas. E pude ver ali a grandiosidade de um ator magnífico. A precisão, o
entendimento da cena e o brilhantismo. Osmar praticamente conduzia todas as
cenas, contracenando com os dois amigos na trama, Laudelino e Chico. Digo
conduzia mas com uma generosidade única ao jogar com os outros atores.
O que mais me entusiasmou é que, a cada nova tomada da mesma
cena, Osmar conseguia fazer diferente, mantendo o frescor da cena. E vale
dizer: todas feitas sem pausa, sem erros. Simplesmente fluíam. Ele jogava com a
ação que estava executando e batia o texto ali com os atores, mantendo o foco
nas duas coisas. Simplesmente incrível!
E as cenas do dia, tiverem momentos calmos, tensos e de
embates. E eu pude curtir tudo ali, como espectador ávido por aprender um
pouquinho mais com esses atores que nos dão brilho nos olhos!
A cena que eu fiz, talvez, não dê a dimensão do que foi esse
dia pra mim! Mas o bate papo no camarim já foi uma aula da arte de interpretar.
Fiquei mais fã de Osmar! E ao chegar, ele já disse: “Uma boa cena, hein? E o
bom é que ela era dinâmica e trocamos ali no tempo certo, sem deixar o ritmo
cair”. E seguimos batendo um papo maravilhoso, sobre a arte de interpretar e os
mecanismos da criação do seu personagem. E tudo que Osmar dizia, dava pra ver a
sua paixão pelo seu ofício. O que contagiava ainda mais.
Despedimo-nos depois de ele comer uma fruta no camarim e
partir com o mesmo bom humor que chegou!
E esse meu dia já ficou no meu pensamento e ficará por muitos e muitos dias.
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