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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Um poema sobre o caos no Rio de Janeiro



Rio do delírio e do medo – anotações além do cartão postal – Raul Franco

Escolha a sua arma
A guerra vai começar
De que lado você está?
Pra que lado podemos fugir?

Na TV as imagens não são de um filme
Tudo é real
e acontece a algumas horas daqui

Balas se cruzam no céu do Rio Maravilha -
Maravilhosa cidade iluminada por flamejantes disparos

Bagdá é aqui
Colômbia é aqui
O Vietnã está prestes a ressurgir
das sombras dos mortos de outra guerra

O bicho tá pegando
e eu me pego perdido
no vazio da cápsula da bala que foi deflagrada

Corre-corre
Motos em alta velocidade
Mortos pelo abismo da cidade além do cartão-postal

O inferno é aqui
agora que a Garota de Ipanema corre em desespero
e o negro samba
enquanto metralhadoras ditam o ritmo

Resignados, dobramos os joelhos
aos pés do Cristo,
esperando a necessária redenção

O Rio de Janeiro continua...
O Rio de Janeiro continua...
O meu desespero
O desespero de todos

Cidade nua
Asfalto de intranqüilidade
Cidade velada
Inundada pelo sangue de inocentes

Estamos à margem?
Imagem caótica maculando as manhãs

O Tropa de Elite 3 começou
Mas o sangue é de verdade
Não é groselha
Quem morrer... já era
Quem viver... perderá a inocência

Indecência aos olhos das crianças que fogem
agarradas aos pais que choram –
lágrimas que fecundarão um recomeço
a partir do tropeço das administrações

Eu vou cobrar, Cabral!
Eu vou cobrar, Cabral!
Esperando que um dia o bem vença o mal...



 

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