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domingo, 22 de março de 2009

Um pouco de teatro!!!

Altas Horas!


Tem algumas coisas que me irritam bastante. Como ouvir algumas pessoas falarem de determinadas coisas que não sabem. E principalmente quando dizem isso em um veículo como a televisão, que deveria servir como fonte de informação e formação dos indivíduos. Eu, por exemplo, sempre vi muita televisão. Sou da geração criada e educada pela Dona TV: essa mulher meio quadrada, mas antenada com o mundo.


Mas, enfim, como falo de TV, devo falar que sempre curti muito programas de entrevistas, ouvir a opinião das pessoas que admiro ou mesmo passar a admirar pessoas que nunca tinha visto dar opiniões que, de repente, agradam-me


Na TV aberta, um dos programas que curto bastante, principalmente, porque sempre varo a noite de sábado zapeando na TV, é o Altas Horas. Porque admiro o Serginho Groisman e o acho um grande comunicador. E ao programa vão pessoas consagradas e algumas novas celebridades, pessoas que estão se consagrando no momento por causa de algum trabalho, geralmente na TV.


Aí, então, começo a me aproximar do assunto que suscitei no primeiro parágrafo. Nesse sábado que passou, dia 21/03, pra ser mais exato, na madrugada de sábado para domingo, parei para assistir um pouco do Altas Horas. E, dentre os entrevistados da noite, estava a atriz Ísis Valverde, que interpretava a Rakelly em Beleza Pura. Até aí, tudo bem. Parei para vê-la dar entrevista, até porque não conheço muita coisa do trabalho dela, a não ser na referida novela que, diga-se de passagem, das coisas que vi, achei bem interessante. E sempre procuro me surpreender com alguns desses novos talentos da TV, até para saber se eles tem alguma coisa a falar. Enfim, lá pelas tantas, alguém da platéia pergunta a ela como ela começou. E a nossa “brilhante” Rackelly – ops, Ísis Valverde – fala que começou no teatro, porque a mãe tinha um grupo e tal. E diz – aí vem a bomba – que nesse começo no teatro era como o “teatro pobre” de Grotowski, sem maquiagem, sem figurino, sem cenário, tudo meio improvisado. Aí, soou meu alarme – PÉÉÉÉÉM. Primeiro que ela jogou o nome de Grotowski assim numa frase como uma coisinha à toa. E eu logo pergunto: e a platéia entendeu quem é esse Grotowski? Aí emendei em outra indagação: se nem ela mesmo sabe quem é Grotowski, como pode falar sobre ele? Porque, segundo a sua afirmação, que eu citei aqui, sempre me irritou a falta de informação e cultura desses jovens atores, principalmente os “criados” na TV. E Ísis mostrou a sua ignorância em relação ao citado “Grotowski”, cometendo o equívoco que grande parte de jovens atores ou pseudo-atores comete, isso levado pela interpretação errônea de uma obra desse “Grotowski”, intitulada: Em Busca do Teatro Pobre.


Então, quer dizer que nossa atriz, repleta de fãs (como ela mesmo disse), acredita que Grotowski, segundo a análise de sua frase, é sinônimo de um teatro sem recursos, quase amador, como se o ator, por não ter dinheiro, fizesse as coisas assim nas coxas, sem muito cuidado ou zê-lo, por causa das dificuldades financeiras ou mesmo conhecimento na área, digamos assim. PÉÉÉÉÉM – meu alarme não parou de tocar.


Primeiro, Ísis não é a primeira e nem acredito que será a última atriz a cometer esse equívoco ao falar sobre o “teatro pobre” de Grotowski. Pra começar, devemos lembrar ou saber – principalmente quem é ator, que Grotowski é um diretor polonês, falecido em 1999, considerado como um importante “treinador” de atores do século XX. Para ele, a figura central do trabalho teatral é o ator. E ele trabalhava justamente a questão psíco-física do ator. Então, para ele, seria necessário afastar qualquer espécie de “muleta” que o afastasse do seu trabalho principal na cena. Por isso, nesse processo do ator – no treinamento com Grotowski – faz-se muito o uso dos termos “ator santo” e “teatro ritual”. Essas duas imagens – digamos, metáforas - são o cerne da compreensão do que ele pregava como “teatro pobre”. E, tenham certeza, não tem nada a ver com teatro sem recursos. Isso é uma visão errônea. Era um teatro centrado na figura principal do ator que, segundo Grotowski, tinha que procurar tudo que seria extremamente necessário e verdadeiro na cena. Com o treinamento proposto por ele, buscava-se o que chamamos de gestos essenciais, vindos de treinamentos constantes, baseado, sobretudo, nas ações físicas. Segundo esse raciocínio, podemos encontrar na sua obra, afirmações que corroboram com essa tese, por exemplo, ele defendia a seguinte coisa: "como o material do ator é o próprio corpo, esse deve ser treinado para obedecer, para ser flexível, para responder passivamente aos impulsos psíquicos, como se não existisse no momento da criação - não oferecendo resistência alguma. A espontaneidade e a disciplina são os aspectos básicos do trabalho do ator, e exigem uma chave metódica”.


Ainda interpretando o termo “pobre” associado ao seu trabalho, podemos pegar a seguinte afirmação que clarifica essa idéia: “O pobre em seu teatro significa eliminar tudo que é desnecessário, deixando um ator ou atriz vulnerável e sem qualquer artifício. Na Polônia, seus espetáculos eram representados num espaço pequeno, com as paredes pintadas de preto, com atores apenas com vestimentas simples, muitas das vezes toda em preto”.


Então, prezada Ísis, como você pode ver, o “teatro pobre” de Grotowski não tem nada a ver com o seu começo de carreira na grupo da sua mãe. Por isso, digo: afirme o que você sabe. Fale de televisão. Teatro é algo sagrado que deve ser entendido como tal. E, principalmente, em se tratando de Jerzy Grotowski que tinha um trabalho muito específico e profundo.


Pronto! Desabafei!

8 comentários:

i disse...

Querido autor queria explicar que o grupo teatral de minha mae trabalhava sim baseado no livro " O teatro Pobre", pois era mais intenso, mais verdadeiro ,corporal e sem nenhum artificil......(mais dificil sim, porem nao precisava de muita verba)
Eles amavam o que faziam. E por serem amadores e nao possuirem um DRT,nao faz deles menos atores dos que os que possuem. Portanto, so nao aprofundei mais o assunto porque a plateia poderia nao entender muito bem, afinal nem todos ali leram livros teatrais.(como vc mesmo disse)
Ah e antes que eu me esqueca eu sei muito bem quem foi Grotowski.
E escreva sobre pessoas que vc realmente conhece profundamente.
Nao palpite em vao.
e antes que vc critique, o meu pc nao esta acentuando por isso eu nao coloquei acento nas palavras . OK SABE TUDO!!!

i disse...

ah esqueci
" ...sim baseado no livro EM BUSCA DE UM TEATRO POBRE....." Peter Brook
se nao vc pode se zangar.

timid disse...

Cara vc e muito chato creio que vc esta passando por momento bem dificil nao sou fa da isis nem muito menos a conheço porem vc vir a publico com texto decorado e falar um monte de asneiras vc realmente quer chamar a atencao mas buscou a forma errada esquenta nao tolinho um dia vc chega la se nao for nesta na proxima vida seja hulmide

Raul Franco disse...

curiosidade:

estranho o post de I não ter acento, assim como o post de Lindo

ah, devem estar dividindo o computador, mesmo sem se conhecerem, né?

mas... eu OBSERVEI, viu?

rsrs

só sei que nada sei, e isso já é uma impulsão!

Michele Malta disse...

Bom a platéia pode ser inteligente, pra isso "I" deveria ter se aprofundado sim, uma vez que sem tentar como julgar? Eu sei quem foi Grotowski e nem sou atriz... E "LINDO" acho importante termos um "CHATO" de olho no que rotulam de Dramaturgia hoje em dia. E uma pessoa pública está exposta não só aos elogios, mas também às críticas. E existem críticas que são bem construtivas... Quanto ao PC não estar acentuando, na verdade quem não acentua é o teclado que deve estar com uma linguagem (idioma)diferente de português em sua configuração, ou pode ser BUG/vírus... Chame um técnico, ou compre um novo teclado: R$ 65,00, baratinho.

Raul Franco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raul Franco disse...

Michele,

bom o seu poder de síntese.

Nem quis comentar sobre o PC não estar acentuando, afinal, eu pareceria mais chato. rsrs Que bom que foi outra pessoa que falou.

E já pensou se eu falasse do artifício com "L" iam dizer que estou pegando no pé. Por isso, detive-me só no conteúdo do seu comentário para não levantar mais polêmicas indevidas.

E outra coisa: quem falou de DRT? Qual a analogia disso com Grotowski? Mais uma vez percebemos o quanto ela não tem aprofundamento do assunto.

Pois é, se as pessoas que estavam ali não leram livros teatrais era uma boa oportunidade para informar sobre algo novo. Muita gente poderia voltar para casa, dizendo: "nossa, me interessei por aquele autor que ela citou. parece interessante. vou pesquisar sobre ele".

enfim...
valeu pelo seu comentário e volte sempre, Michele!

Michele Malta disse...

É... artifícIO é mesmo muito difíciL... rss... eu, como platéia, não entendi muito bem...

DRT?
Penso que Grotowski nunca mencionou DRT... ele insistia no desenvolvimento da expressão corporal dos atores e dos recursos de voz, nada a ver com registro em carteira... putz!!!

Concordo com o que você disse sobre aprendermos coisas novas: sempre fico curiosa quando alguém menciona algo que não conheço...

Mas a platéia não entenderia muito bem... quero acreditar, como platéia, que ela não me chamou de burra com a frase: "não entenderia muito bem"...
Enfim...
Continue sendo CHATO, Raul.
Faz as pessoas refletirem sobre o que ouvem, ou vêem: chega de absorver tudo que nos jogam goela abaixo!!!