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segunda-feira, 30 de março de 2009

Respondendo aos Comentários sobre UM POUCO DE TEATRO




Respondendo aos comentários sobre o post “Um pouco de teatro”


Pensei em apenas responder aos comentários, mas acredito que acabarei escrevendo demais e ficará pequeno no espaço destinado a isso.

Olha, que bom que você veio até aqui e pode expressar a sua opinião. Que, pelo que vejo, é a da Ísís, né? Antes de mais nada, quero dizer que não tenho nada contra você, pelo contrário. Assisti alguns capítulos da novela Beleza Pura e gostava da sua atuação. Só comentei o que você falou no programa Altas Horas que, ao meu ver, do modo que foi expresso, foi uma visão equivocada. Tanto que peguei o trecho em que você fala sobre Grotowski e o comentei, até para ver que não estou falando sobre algo infundado.

Só acho que nós brasileiros não estamos muito acostumados ao debate. Se você expressou a sua visão num programa de boa audiência – que, diga-se de passagem, adoro – também outras pessoas terão direito a falarem sobre alguma coisa que você falou ou qualquer outra pessoa. Por isso, vivemos numa democracia. E fiz uso disso para também opinar.

Como você mesmo disse, muitos ali não leram livros teatrais e muito menos são atores. Por isso, você poderia elucidar o assunto e clarificar um pouquinho esse autor. Por que, então, qual é o sentido de você falar algo se não vão captar? Como passou batido o nome “Grotowski”. Mas não para mim que estudei isso.

Claro que posso ter expressado minha idéia, ironizando um pouco o que você disse no programa. Afinal, no meu trabalho o humor é muito forte. E, talvez, eu possa ter carregado nas tintas. Mas a essência da minha opinião continua a mesma sobre o que ouvi de você acerca do teatro pobre – a analogia entre um teatro sem recursos e o teatro pobre proferido por Grotowski.

Agora, não precisa se ofender. É só um debate entre idéias. E, claro, vi que você citou Em Busca do Teatro Pobre e colocou o nome do Peter Brook. Vale ressaltar que Brook apenas escreveu o prefácio.

E outra: não vou me zangar com nada. No fundo, posso ter vestido esse personagem O OBSERVADOR e, como já disse, ter carregado nas tintas ao me expressar sobre trecho da sua entrevista no Altas Horas. Mas, acredito, que no fundo é inspiração no Antônio Abujamra e o seu programa Provocações (outro programa que amo).

Só não entendi uma parte: “escreva sobre pessoas que você conhece profundamente”. Esse conhecer profundamente se refere a você ou ao Grotowski? Não escrevi sobre você. Escrevi sobre o que você falou. Até porque não a conheço mesmo. Sobre Grotowski já escrevi um pouco e apliquei algumas das suas premissas quando fiz Uni-Rio (curso de Artes Cênicas).

Enfim, como já disse: a essência do que está no pensamento desse blog e do meu vídeo no youtube continua a mesma. E logo mais devo fazer um segundo vídeo do O OBSERVADOR, comentando o filme Cinderela Baiana, de Carla Perez. Olha, que coisa legal: se ela se zangar, também poderá vir ao meu blogger reclamar e assim vamos exercitando o ato de debater – tão raro em nossa sociedade.

Pra você observar também o modo como costumamos comentar com humor os acontecimentos está também expresso nos vídeos do Sátira News, que estou fazendo ao lado das atrizes Cristiana Pompeo e Cristina Fagundes. Se puder, veja também no youtube.


Agora vamos a segunda parte.

Comentário do LINDO:

Rapaz, mais uma vez vou ressaltar uma coisa. Nós, brasileiros, não estamos mesmo acostumado ao debate. Quer dizer que rebater uma visão que se acha equivocada é estar num “momento de vida difícil”. Desculpe-me, mas esse pensamento é muito pequeno, mediano. Então, o antropólogo Roberto DaMatta (de quem sou profundo admirador) que vive questionando os valores da sociedade e defendendo opiniões baseadas em suas obras e visão apurada do mundo vive um eterno “momento de vida difícil”, é isso? O diretor teatral Gerald Thomaz, então, é um infeliz? Pelo-amor-de-Deus. Cabe a você querer debater ou então se recolher.

Como sempre fui levado a questionar as coisas e expor minhas opiniões, principalmente em função de ter feito um curso de Ciências Sóciais que, por essência, já traz em si a visão crítica e analítica da sociedade, leva-me a ter uma postura assim.

Para mim, a televisão sempre foi um veículo que me alimentou muito. E gosto bastante de programas de debates e de entrevistas. E se eu estivesse lá no programa Altas Horas, conseqüentemente poderia ter exposto a minha opinião a respeito disso. E debateríamos lá. Afinal, no próprio programa tem o momento de protestar, onde, por exemplo, a cantora de base do programa Leilah Moreno comentou que esse espaço de protesto poderia ser usado para coisas mais interessantes. Adorei quando a vi falando sobre isso, já que muitos jovens usam o espaço para falar do namorado, etc e tal.

Olha, se ser chato é poder expressar o que pensamos, baseado nas coisas que aprendemos e apreendemos, quero ser chato por muito tempo. Assim como uma vez o próprio Arnaldo Antunes – artista, até certo ponto, popular - veio a público defender às críticas feitas aos irmãos Campos (criadores da Poesia Concreta), sobre a acusação de eles fazerem uma poesia vazia de lirismo, somente prevalecendo a técnica. Ele se expressou e adorei ver a sua opinião sobre isso, afinal, abriu um leque de possibilidades de se debater sobre o tema.

Já pensou se eu vou a público e começo a falar sobre os meus “achismos” sobre Freud e Jung, acreditando que nenhum psicanalista estará me observando, seria uma catástrofe. Todos temos todo direito de falarmos o que quisermos. E também estaremos dando o direito de sermos retrucados e criticados. Faz parte da vida e do nosso crescimento. Não tenho nenhum problema quanto a isso.

E, por sinal, escrever sobre isso me deixa feliz. Pior seria se eu aceitasse tudo numa boa sem questionamento algum.

E, no mais, posso dizer: estou bem feliz, meu caro Lindo. E não sou mesmo nenhum “SABE TUDO”, como nossa querida ÍSIS falou. Apenas me dou o direito de debater sobre aquilo que aprendi e defendo.

E por fim, muito axé para vocês. E saúde, que é o mais importante. Até para termos fôlego para nos expressarmos.

E uma coisa é muito boa: agora todos estão nos observando. Nunca pensei que um simples vídeo suscitasse tantas coisas. Que bom!

9 comentários:

-Isabel Crozera- disse...

Francamente falando, deu super para entender o que a Isis quis dizer e pq dela não ter aprofundado tanto na questão, assim como foi super aceitável ela usar o termo, não o melhor, "teatro pobre".
Outra coisa que deu para entender também,foi a mudança de acidez entre o primeiro e o segundo post. Alterações de humor, rsrs?
Ou foi pq a atriz não deixou por menos?

Agora o que realmente não ficou claro, foi citar uma faculdade como currículo para ser entendedor de teatro, ai, essa doeu!

raul franco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
raul franco disse...

Bebel, valeu pelo seu comentário.

Mudança de humor? O meu humor é sempre o mesmo. Muitas vezes somos como personagens. Falamos as coisas de determinado modo. Mas como comentei, a essência do meu pensamento é a mesma.

E olha, francamente, o que a atriz não deixou por menos? Ela escreveu o que quis, mas nem por isso quer dizer que convence.

Agora, desculpe: citei a faculdade porque faz parte da minha formação. Normal. Já pensou se eu falasse tudo isso e fosse um médico, de repente? O que teria a ver? Estranho seria eu falar: falo de Grotowski porque me formei em Veterinária. Aí doeria muito mais.

Okay?

Se você quiser, eu posso falar isso de maneira mais raivosa, afinal, somos múltiplos! rsrsrs

Nah disse...

Olha...eu relutei quanto a escrever aqui...mas a alma de atriz e jornalista falou mais alto...(ih, eu não devia estar citando isso..será que eu quero me mostrar porque tenho formação acadêmica??hahaha) Enfim, acho super válido o comentário da Isis (se é que foi dela mesmo..porque sabe como é internet...) porque possibilita essa aproximação do artista com o expectador.
Que bom que ela viu o vídeo e respondeu. Vivemos numa democracia, e divido o gosto pelos debates com o Raul.
Mas o que me incomodou..foi o fato de subestimar a platéia do programa. Tudo bem..eu não quero cobrar que todo mundo saiba quem é Grotowski..mas também falar que não se aprofundou no assunto porque a platéia não leu livros teatrais é demais. Nunca é tarde pra aprender, a TV tem a função de ensinar e informar também. Ela (Isis) teve a chance de ao citá-lo (Grotowski) falar rapidamente e simplesmente quem ele era e a importância dele no teatro, só fazendo um adendo em sua resposta (que era sobre sua formação).
Assim..quem sabe, isso incitaria as pessoas a se perguntarem sobre esse cara..e procurarem saber quem ele era, suas teorias etc.
Mas tudo bem, talvez eu esteja querendo demais. Mas é que me irrita essa justificativa..porque se pensarmos assim..vamos todos falar de futilidades e besteiras o tempo todo porque sempre terá alguém que não vai captar exatamente o que estamos querendo dizer. Isso é uma realidade do mundo.
As pessoas tem formações diferentes. E é isso que torna tudo tão interessante.

Importante lembrar que eu acho a Isis uma boa atriz, pelo menos até onde eu a vi no ar (Beleza Pura).
Também não sou amiga pessoal do Raul Franco (observador).E não estou aqui defendendo nem atacando ninguém. Só expondo um ponto de vista.

Ah só lembrando também..no mesmo programa há um tempo atrás, o ator Caco Ciocler deu um show de o que chamamos "gente de teatro" com inteligência e técnica. Procurem no youtube,deve ter por lá.

Beijos a todos!

Portuga disse...

Tenho preguiça de atores que querem se mostrar e se acham mais fodas que os outros....
Pego o trecho do livro que vc mesmo transcreveu aqui.
Vamos lá: o que a Isis Valverde disse? "teatro pobre, Grotowski, sem maquiagem, sem figurino, sem iluminação."
O que diz o trecho do livro? "O pobre em seu teatro significa eliminar tudo que é desnecessário, deixando um ator ou atriz vulnerável e sem qualquer artifício. Na Polônia, seus espetáculos eram representados num espaço pequeno, com as paredes pintadas de preto, com atores apenas com vestimentas simples, muitas das vezes toda em preto."
Ou seja, o que ela falou NÃO deixa de fazer parte do teatro do Grotowski.
Sim, a técnica está toda muito bem explicada por vc no vídeo, não discordo que é aquilo sim, mas TAMBÉM tem o lance do "eliminar tudo o que é desnecessário", ou seja, maquiagem, figurino, iluminação, trilha sonora, cenografia.... o teatro do Grotowski é o ator e o público, só, sem nenhum artifício (incluindo material) p/ o ator se apoiar.
Não leve a mal, mas vamos parar de ser chatos, ok?
A Isis não explicou e nem se estendeu sobre o teatro do Grotowski, mas ela NÃO falou bobagem.
Péeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee p/ vc....
Um abraço.

Raul Franco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raul Franco disse...

Oi, Nah, realmente acho que você compactuou com as minhas idéias. Olha, realmente nunca pensei que isso fosse dar pano pra manga. Mas já que está dando, então, vamos construindo essa "manga" para que cubra os braços da ignorância.
Gente, o que propus foi apenas um debate. Porque se você analisar a contrução da frase dela no programa entenderá que o que ela aceita como Teatro Pobre de Grotowski não é bem o que esse autor conceitua. Mas se levantei essa questão foi para poder elucidar o assunto. Dizer que não ouve espaço para falar é demais!
(Nah, tenho certeza de que a entrevista do Caco Ciocler deve ter sido muito boa. Assim como a entrevista da atriz Camila Morgado, uma outra vez, no mesmo programa, foi. Entrevistas assim nos fazem bem. Afinal, é bom acariciar o cérebro).
Agora, realmente tem essa mediocridade entre as pessoas, achando que se você estiver emitindo a sua opinião é porque quer aparecer, ser melhor que outros, como nosso amigo Portuga falou. Acredito que conhecimento não faz mal a ninguém. E, graças, estudei muito na minha vida e aprendi muito com diversos autores. Mas dizer isso, no Brasil, pode parecer ofensa, né? Se quiserem debater, estou aberto a isso. Nunca pensei que se fosse mexer com os brios de tanta gente ao questionar algo dito na TV.

Sejamos mais sábios, meus amigos.

Portuga disse...

Caro Raul, não me leve a mal não.... se vc se sentiu ofendido pelo "se achar mais foda", mal aí, não foi a intenção.... mas realmente foi a impressão que vc me passou com o vídeo, sorry.
Achei errado a forma como vc tratou o caso, deixando a imagem de que a garota não sabe o que está falando, sendo que não foi perguntado à ela como é o trabalho do Grotowski, foi só uma citação.
Emitir opinião é uma das poucas coisas que temos liberdade total para fazer, mas não devemos denegrir a imagem de ninguém sem sabermos o quanto esta pessoa estudou sobre este ou aquele assunto. Ainda mais quando há alguma verdade no que foi dito.
Mas afinal, o blog é seu, a opinião é sua, bola p/ frente.
Abraço.

raul franco disse...

Tudo bem, Portuga. Normal! Acho até que o assunto já rendeu muito. De qualquer forma, aceito a sua opinião. Mas é que também é muito ruim você se expressar e a galera te rotular de chato, de pedante. Apenas comentei sobre o que vi. Como já disse, posso ter carregado nas tintas, mas meu comentário sobre o assunto foi esse e a maneira escolhida foi criar esse personagem - O OBSERVADOR - e falar do assunto. Tipo Stand Up. A galera que faz Stand Up usa muito esse artifício. Ela comentou no programa a sua visão do autor, mas a correlação que ela faz não acho adequada. Teatro pobre é muito mais do que isso. Falo sobre o assunto porque tenho paixão pelo mesmo.

Como você mesmo falou há verdade no que foi dito, mas uma verdade rasa, rascunhada de uma forma desinteressante, principalmente para quem leu um pouco sobre o assunto.

Mas, na boa, só trocamos idéias, debatemos. Isso é o que importa.

Abraços e sorte

se puder, veja também o SÁTIRA NEWS

Raul Franco