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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Breves palavras sobre Casa da Mãe Joana e Polaróides Urbanas


Ontem foi o dia da promoção do cinema nacional no Cinemark: PROJETA BRASIL. Cinema nacional a dois reais. Que maravilha! Eu fui correndo à tarde para tentar assistir a dois filmes, porque à noite tinha ensaio. Eu queria assistir Última Parada Ônibus 174, do Bruno Barreto, mas a sessão das 18h já estava lotada. Também queria ver Os Desafinados, de Walter Lima JR, mas só tinha sessão às 19h10. Restou, então, dois filmes, afinal alguns eu já tinha vista, como o maravilhoso Meu Nome Não é Johnny, de Mauro Lima. Comprei, então, ingressos para Casa da Mãe Joana, do Hugo Carvana (que eu tinha receio de ver) e Polaróides Urbanas, do Miguel Falabela.
Comecei a ver Casa da Mãe Joana. O filme já começa acenando para uma trama policial. Tem alguns momentos engraçados, já que o elenco é composto de atores excelentes, como José Wilker, Antônio Pedro, Paulo Betti e Pedro Cardoso. Mas ao ver algum novo filme do Hugo Carvana, parece que estou voltando ao tempo, vendo sua obra inicial, como Vai Trabalhar, Vagabundo ou Se segura, Malandro, que são até bons filmes. Mas hoje vejo que o estilo de filmar, as histórias de Carvana são bem datadas. Até as precariedades técnicas dos seus filmes me remetem a tudo aquilo que criticavam no cinema nacional. Ou seja, o roteiro dessa Casa da Mãe Joana é arrastado. Começa bem, mas do meio pro fim se arrasta como um morto tentando encontrar uma cova para afundar dignamente. A estrela Juliana Paes aparece lá pelo meio também, fazendo... ela mesma: a gostosa. Tudo é tão óbvio e tão déja vu que dá um sono. E logo me lembrei de um curta que também me deu uma canseira que foi O Cabeça de Copacabana, dirigido por quem? Rosane Svartman, a mesma diretora de Como Ser Solteiro, a mais, digamos assim, fervorosa discípula de Carvana. E que consegue ser pior que o Carvana atual. Se acharem que estou exagerando, assistam a O Homem Nu, de Carvana, e tirem as suas conclusões.
Depois de A Casa da Mãe Joana, achei que minha tarde estava perdida. Mas fui com ânimo assistir Polaróides Urbanas, de Miguelito. Para quem não sabe, Polaróides é a versão cinematográfica da peça de Falabela Como Encher um Biquini Selvagem, que eu assisti em meados da década de 90, com a versátil atriz Cláudia Gimenez. E quando eu vi essa peça, tive certeza do que eu queria: ser ator e escritor para escrever uma coisa tão tocante e profunda e emocional como aquilo que eu tinha me deparado. E na época eu tinha 19 anos. E foi com esse pensamento que comecei a ver Polaróides, filme que marca a estréia de Miguel na direção cinematográfica. E só posso dizer uma coisa: o filme é muito bom. Poético, sensível, com uma câmera inteligente e brilhantes atuações como a de Marília Pêra que faz dois personagens, Magda e sua irmã gêmea Magali. E Miguel, logo em sua estréia, mostra um grandioso talento para as telas - afinal, como ele sempre diz, sempre foi um apaixonado por cinema. E, é claro, não posso deixar de fazer uma comparação inevitável. Muitas vezes pensei estar diante de um filme de Pedro Almodòvar (diretor por quem nutro uma paixão avassaladora). E, pra mim, Stella Miranda é quase como uma Carmen Maura de Almodòvar. E o filme de Miguel tem muito da densidade e humor de um outro filme que gosto muito: o canadense Denise Está Chamando, de Hall Sawen. Por essas e outras que penso em fazer uma peça com o titulo de QUERO SER MIGUEL FALABELA. Ele salvou minha tarde!